segunda-feira, 27 de abril de 2009

Entidades querem amplo debate sobre a nova proposta de vestibular


Entidades representativas de instituições federais de ensino superior, dos professores e estudantes querem um amplo debate sobre o novo modelo de vestibular proposto pelo governo.
A nova proposta foi recebida com entusiasmo, mas despertou incertezas e dúvidas acerca da segurança do novo modelo, à manutenção da autonomia das universidades e à garantia na qualidade dos alunos que serão selecionados pelo novo vestibular proposto, que prevê uma prova única em todo o País. A proposta do Ministério da Educação é de que o atual Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) seja aprimorado e usado como porta de entrada para as universidades federais.

“É uma iniciativa muito positiva, porém temos que conservar sobre três importantes aspectos: autonomia das universidades, garantia de ingresso dos candidatos mais preparados e segurança no processo seletivo. A segurança deste novo processo precisa ser plena”, afirmou o Secretário Executivo da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balduino. Segundo ele, o vestibular é um dos processos seletivos mais respeitados pela sociedade atualmente.
O secretário anunciou a realização de um seminário para tratar das mudanças nos próximos dias 27 e 28. O evento será em Brasília e deverá contar com a participação de todas as entidades envolvidas no processo. “Ainda não temos uma opinião formada sobre a proposta. Vamos intensificar o debate para assegurar que estas questões sejam asseguradas”, afirmou.

Exaustão

O presidente do Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), Gil Vicente Figueiredo, disse que para a instituição, o atual modelo de vestibular está ultrapassado. “O vestibular aplicado hoje deixa muito a desejar. Esta é uma proposta importantíssima e inovadora que merece um amplo debate com a sociedade e as entidades de ensino superior e estudantes. Como toda proposta nova, ela requer uma profunda avaliação”, afirmou.
Uma das preocupações da instituição, segundo o dirigente, é com as disparidades regionais na qualidade do ensino praticado no País. “A unificação das provas traz benefícios e malefícios. Existem diferenças regionais no ensino brasileiro que precisam ser consideradas neste novo processo. Temos que assegurar que alunos de qualquer região do País tenham condições de acesso às vagas, independentemente de onde tenham cursado o ensino médio”, disse.

Descontentamento

Para a União Nacional dos Estudantes (UNE) a simples substituição do vestibular pelo Enem não será suficiente para aprimorar o processo seletivo do País. “A proposta apresentada pelo MEC é resultado de pressões históricas dos movimentos estudantis por mudanças no processo seletivo. No entanto, esperavamos ser ouvidos quando da elaboração desta proposta. Acreditamos que é preciso fazer mais do que substituir o vestibular pelo Enem”, afirmou Lúcia Stumpf, presidente da UNE.
Uma das propostas da UNE é a de que a seleção seja feita em avaliações seriadas, semelhante ao Programa de Avaliação Seriada (PAS), implantado pela Universidade Federal de Brasília, onde o aluno faz três provas no primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio, respectivamente. “Desta maneira, o aluno faria o teste de aprendizado assim que concluir cada fase. Isso nos daria uma leitura mais pontual do grau de assimilação do aluno e evitaria as práticas do decoreba. Ao final dos três anos, a média das provas seria a nota do aluno para disputar o processo seletivo das federais”, propôs Lúcia Stumpf.

Assistência estudantil

A UNE também defende que a proposta venha associada a recursos para assistência estudantil e indicação de cotas para alunos de baixo poder aquisitivo e negros. “Para assegurar mobilidade o governo precisa indicar recursos para o custeio dos alunos que eventualmente venham de outros estados. Recursos para transporte, alimentação e moradia são indispensáveis para o novo modelo. Além disso, há ainda a necessidade de implementação de cotas para assegurar o acesso de todas as classes sociais”, afirmou Lúcia Stumpf.

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